sexta-feira, 12 de setembro de 2014



Não é de hoje que a mulher é vista através de uma visão estereotipada e masculinizada pela sociedade.
Acredita-se que devido o "deslize" da primeira mulher, Eva, todo o gênero seria propenso ao trato com o demônio. Tal perspectiva ficou ainda mais evidente, em meados do século XVIII, quando as mulheres se tornaram curandeiras e benzedeiras, ou seja, passaram a aproveitar todo o conhecimento e tradições, recebidas pelas gerações anteriores, para o bem da população, na cura de doenças e tormentos.  A igreja foi a primeira a considerar o fato absurdo. De acordo com ela, essas mulheres não passavam de feiticeiras sendo mais uma vez envolvidas pelo diabo. 
É desde essa época que as mulheres são consideradas submissas, frágeis, úteis apenas para os trabalhos mais fáceis. Eram educadas para o lar, aprendiam desde cedo a cozinhar, costurar, bordar e cuidar da casa e do marido, assim como a mãe sempre cuidara. Havia três ocasiões apenas em que a mulher era livre durante toda sua vida: para se batizar, para se casar e para ser enterrada. Apenas as que mais tarde seriam destinadas ao convento aprendiam latim e música, pois ali era o último lugar onde se poderia esperar a manifestação da sexualidade feminina, estas deveriam se recolher por espontânea vontade como “esposas de Cristo” renunciar por completo aos prazeres sensuais. Mas nem sempre acontecia assim, as moças que ali estavam era por vontade do seu pai, se comportavam como se estivessem em casa, porém longe do olhar paterno e da vigilância de vizinhos assim a sexualidade reprimida em casa podia se extravasar de mil maneiras descobrindo em seu cotidiano adornos íntimos mostrados ou descuidadamente sugeridos ao olhar masculino, outro problema era as festas religiosas no convento e ao comportamento das freiras, nessas ocasiões descobriu- se naquela época que padres mantinham relações amorosas com outras tantas freiras, todos sabiam e todos fingiam não saber. Mulheres brancas, claro. Porque a escravidão, infelizmente, ainda reinava no século XVIII. No entanto a desigualdade de gênero também existia nesse meio; cabia às mulheres os trabalhos menos penosos como carregar gamelas para serem lavadas.
E claro, as mulheres também eram destinadas à procriação. O sexo como momento de prazer era repugnado, principalmente para as mulheres e deveria ser moderado. A sexualidade feminina ameaçava o equilíbrio doméstico, a segurança do grupo social e a própria ordem das instituições civis e eclesiásticas. A igreja exercia forte repressão sobre a sexualidade feminina, o fundamento escolhido para justificar tal repressão frente à mulher era bem simples, a ideia de que o homem era superior e cabia a ele exercer a autoridade, ideia de que o homem é a cabeça da mulher assim como Cristo é a cabeça da Igreja.
A situação era tão grave que até a medicina investia em pesquisas sobre o corpo feminino e faziam afirmações absurdas como:  
"A madre (útero) é uma parte ordenada da natureza em mulheres, principalmente para receber o sêmen, e dele de engendra a criatura para conservação do gênero humano, e para ser caminho por onde se expurgue cada mês o sangue supérfluo que se cria demasiadamente na mulher, não só por fraqueza do calor natural que nelas há, como por defeito do exercício [...] os testículos [ovários] são mais pequenos do que os dos homens."

Como podemos perceber esse estereótipo, esse rebaixamento do sexo feminino perante o masculino nos acompanha desde os primórdios da sociedade. Era de se esperar que nós, em pleno seculo XXI, na sociedade contemporânea, tivéssemos feito a desconstrução desse pensamento machista existente, mas infelizmente ainda não fomos capazes de tal ato. 
É de indignar-se que em plena sociedade atual, o machismo prevaleça, apesar de possuirmos mulheres em cargos de extrema importância, como a atual presidenta do Brasil, Dilma Roussef, as mulheres ainda sofrem com a sociedade machista, sendo ainda taxadas a fazerem trabalhos considerados mais leves e a receberem os salários mais baixos. 
Espero o dia em que esse quadro mude, e que independente de gênero, raça, religião, todos nós, homens, mulheres, brancos, negros, heterossexuais ou homosexuais, sejamos tratados acima disso tudo como pessoa. Que sejamos avaliados a assumir, por exemplo, determinado cargo, por nossas habilidades e não por nosso gênero, é isso que se espera da nossa sociedade contemporânea.